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  • Foto do escritorEduardo Muniz

Olha o verão, hein!

Atualizado: 4 de abr. de 2023


Vamos manter a praia limpa, jogando o lixo no saquinho!

Praia limpa é cidadania, praia limpa é mais prazer, praia limpa é mais saúde,

Depende de mim, depende de você!”


Esse é talvez um dos maiores jingle de campanha que eu me lembro, algo que marcou a minha vida e de vários recifenses. A música foi feita cerca de 20 anos atrás, pela prefeitura do Recife em parceria com a Rede Globo, para promover a conscientização da população sobre a quantidade de lixo deixada nas praias recifenses.


Todo ano é o mesmo: o verão chega, as festas de final de ano começam, as pessoas entram de férias e tudo acaba em um único lugar: a praia. E todo ano, especialmente nessa época, temos que reforçar a importância de ser responsável pelo seu lixo quando utilizar esse espaço público natural.


O fervor nas praias é super compreensível, já que, começa aquele calorão de final de ano, típico do verão e nada melhor do que se refrescar numa prainha. O que não é compreensível, mas infelizmente muito comum, é a quantidade de lixo deixada nas praias pelas pessoas. A maioria desses lixos é composta por itens feitos de plástico, como garrafas, canudos, embalagens de sorvete e copos descartáveis, provenientes do nosso consumo.


O lixo encontrado no mar também pode ser trazido através de rios que cortam as cidades e que desembocam nos oceanos. Pois é, rios e oceanos estão conectados, aquele córrego poluído na avenida perto da sua casa em algum momento pode acabar lá na praia que você vai passar suas férias. Então a responsabilidade com o seu lixo não é apenas no momento de lazer lá na praia, começa também no seu bairro. Mas devemos saber que o poder público também tem a sua responsabilidade na gestão dos resíduos nas cidades, grande parte da responsabilidade, eu diria.


Falando do momento da praia, muita gente acha que está tudo bem em enterrar o lixo na areia, ou só jogar lá mesmo que o mar leva. Nem precisa dizer o quanto isso é errado (e feio), né? A praia é um espaço que está em conexão com o mar e com os animais que vivem e dependem dele para existir. É o movimento das ondas com o acúmulo de sedimentos, em geral, arenosos, que atua na formação da praia.


Tudo que está na areia pode chegar ao mar. Muitos desses lixos permanecem durante anos na natureza e afetam diretamente animais marinhos que os confundem com comida, ou às vezes ficam simplesmente presos em algumas partes do corpo do animal. O plástico, por exemplo, é o terror dos animais marinhos. Como vocês já devem saber a essa altura do discurso ambiental, o plástico é um desses materiais que mais demora para se degradar na natureza, de 20 a 400 anos, dependendo do tipo de plástico que estivermos falando. Além de demorar a se decompor com o tempo, ele se deteriora em pequenos pedaços, e é aí que mora o perigo.


O chamado microplástico é apontado como o principal vilão proveniente do descarte errado do plástico nos ecossistemas, principalmente o marinho. O plástico vai se degradando, e se transformando em pedaços pequenos e esses pedaços por sua vez são ingeridos por zooplanctons e outros animais e vão se acumulando no corpo dos seres vivos, deixando-os doentes, e vai seguindo pelas teias alimentares, podendo chegar até nós, seres humanos. Então, sim, o lixo da praia pode acabar voltando para sua alimentação através dos microplásticos.


Recentemente circulou pelas redes sociais um vídeo de uma orca que se aproxima de um barco de pescadores e esses fazem a maior festa e tocam no animal (nunca façam isso). Um tempo depois descobriu-se que essa mesma orca foi encontrada morta com uma abundância de plástico dentro do seu sistema digestivo. Provavelmente a orca estava procurando por ajuda e por isso se aproximou do barco. Se procurarmos no Google imagens dos efeitos do plástico na fauna marinha, infelizmente vamos achar vários casos como o dessa orca, ou até piores.


Nessa época do ano é importante você e sua família, toda vez que forem a praia, levar um saquinho de lixo e ao sair de lá, depositar esse lixo em uma lixeira. Tem praias que inclusive possuem lixeiras para separar os lixos recicláveis por cor (papel, plástico, vidro e metal). Não dá para enterrar na areia ou deixar que o mar leve embora.


O ideal mesmo seria que não usássemos plástico ou que reduzíssemos bem muito o seu uso, mas vivemos em um sistema que incentiva o consumo, e os materiais como plásticos e latas de alumínio, por exemplo, são materiais que servem essa lógica de produção desenfreada e intensa que alimenta o capitalismo, por isso que são usados em grande escala. Precisamos mudar nossos hábitos de consumo, reduzindo-os e reutilizando materiais, essa é a verdadeira raiz do problema. Infelizmente a reciclagem acaba não conseguindo acompanhar a produção e descarte dos mesmos e uma grande quantidade vai parar na natureza devido ao descarte incorreto.


Então, nos resta diminuir os nossos impactos, evitando que o lixo chegue em um animal que não tem nada a ver conosco, jogando-o no lugar correto de descarte e incentivando outras pessoas a fazer o mesmo, não só na praia como no nosso dia a dia. A conscientização ambiental da população é a maior aliada da natureza. É através da mobilização da comunidade que podemos melhorar a preocupante situação ambiental que nos encontramos.


Outra coisa que podemos fazer é atuar em projetos voluntários para a limpeza das praias em mutirões, como o próprio projeto Praia Limpa da prefeitura do Recife. Existem vários espalhados pelo país, com a participação de diversas ONGs. Se você mora em uma cidade litorânea ou está passando férias em alguma, caso tenha tempo, seria bom conhecer os projetos dessa região para ajudar na conservação do ecossistema marinho local.


Na hora de curtir a prainha de verão, lembre de ser responsável pelo seu lixo e jogá-lo no lugar certo, na lixeira.


Como diria um dos mais famosos jingles recifenses “Vamos manter a praia limpa, jogando o lixo no saquinho.”


E se você conhece algum desses projetos voltados para a limpeza das praias, ou mesmo se você participa, na sua cidade, me fala nos comentários para eu conhecer! Precisamos divulgar tais iniciativas.


Referências


Leon, L. L., Bertolucci, J. B., de Souza, A. S., de Goes, A. Q., Balthazar-Silva, D., & Rocha-Lima, A. B. C. (2020). Poluição dos ecossistemas marinhos brasileiros: uma breve revisão sobre as principais fontes de impacto e a importância do monitoramento ambiental. Unisanta BioScience, 9(3), 166-173.



https://www.ecycle.com.br/microplastico/

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